Ligeiramente fora de foco (Robert Capa)

Ligeiramente fora de foco, Robert Capa

Texto dedicado ao meu amigo Gustavo.*

Tem certos fragmentos de informações na vida que a gente, sabe-se lá por que diabos, simplesmente não consegue memorizar. Eu, desde pequena, tenho esse problema com fatos sobre a Segunda Guerra Mundial. Não importa quantas vezes eu leia livros e reportagens, e assista filmes e documentários, as informações se fragmentam, a linearidade do que aprendi se desorganiza e eu acabo esquecendo muito daquilo que li, às vezes, há alguns instantes. Como é o caso do episódio da guerra conhecido como o Dia D.

Eu sempre soube da existência do Dia D; e eu sempre soube da existência do desembarque da Normandia, no dia 6 de junho de 1944. Agora, por que nunca consegui associar uma coisa a outra? Quem sabe.

No entanto, isso mudou no dia em que li o Ligeiramente fora de foco, do fotógrafo, jornalista e escritor Robert Capa (1913-1954, cujo nome verdadeiro é Endre Friedmann), famoso correspondente de guerra que cobriu, ao longo de sua vida, a Guerra Civil Espanhola (1936-39), a resistência chinesa à invasão japonesa (coberta por ele em 1938), a Europa durante a Segunda Guerra Mundial (1941-45), a primeira guerra árabe-israelense (1948) e a guerra da Indochina francesa (1954). Juntamente com Henri Cartier-Bresson, Chim, George Rodger e William Vandivert, fundou a Magnum, uma das agências fotográficas mais importantes do mundo.

No livro, Capa retrata o avanço dos Aliados em uma Europa sob o jugo da Alemanha nazista. Inicia com o chamado da Collier para fazer a cobertura da invasão das tropas norte-americanas no norte da Itália, passando pelo Desembarque da Normandia (episódio conhecido como o Dia D, vejam vocês…) e encerra com o fim da guerra, quando o fotógrafo estava em Londres, após ter acompanhando a rendição alemã, como correspondente da revista Life.

Agora, graças às aventuras picarescas de Capa, jamais esquecerei de alguns desses episódios mais memoráveis da Segunda Guerra. E talvez isso aconteça porque Capa, ao contrário da maioria das histórias de guerra, se empenha em criar uma narrativa, na medida do possível… humorística daquela que é considerada uma das maiores misérias humanas já presenciada. Em Ligeiramente fora de foco, a guerra não é somente sangue, pólvora, lama e doenças, mas bebidas, jogos de carta, boas amizades, festas e o que fosse possível glamorizar em meio ao ambiente hostil dos confrontos, e na cansativa função como correspondente de guerra (que até poucos dias antes do chamado da Collier estivera vivendo em Nova York como desempregado, foragido e completamente quebrado).

Dentre as boas amizades do período, é claro, merece destaque a figura de Ernest Hemingway, com quem Capa já havia trabalhado. No primeiro encontro dos dois em meio à guerra aconteceu um acidente, sem grandes consequências, em que o escritor machucou-se no rosto após o carro em que estava ter batido:

Hemingway, by Capa

Foto de Ernest Hemingway, tirada em Londres, maio de 1944, no hospital, após ter se acidentado ao sair de uma festa organizada pelo próprio Capa. Aqui, a imagem está com uma resolução muito ruim, mas ela aparece melhor editada na página 173 da edição da Cosac Naify.

Não recordo agora quanto paguei pela edição, mas foi comprada em uma dessas promoções/descontos oferecidos pela editora. Próxima vez que vocês se depararem com a página de ofertas da Cosac Naify oferecendo boa parte do catálogo a R$ 20, considerem acrescentar o Ligeiramente fora de foco ao carrinho.

Boa leitura!

Edição:

CAPA, Robert. Ligeiramente Fora de Foco. Traduzido por José Rubens Siqueira. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

* Sim, é pra você comprar na próxima promoção/desconto da Cosac Naify.

2 thoughts on “Ligeiramente fora de foco (Robert Capa)

  1. Cosac Naify é amor. Tenho o “Outono na Idade Média” e este livro é uma verdadeira obra prima. Desconhecia essa foto do Ernest, achei interessante. Vou procurar este livro pra ler, me interessei. Abraços.

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