Texto dedicado ao meu amigo Gustavo.*
Tem certos fragmentos de informações na vida que a gente, sabe-se lá por que diabos, simplesmente não consegue memorizar. Eu, desde pequena, tenho esse problema com fatos sobre a Segunda Guerra Mundial. Não importa quantas vezes eu leia livros e reportagens, e assista filmes e documentários, as informações se fragmentam, a linearidade do que aprendi se desorganiza e eu acabo esquecendo muito daquilo que li, às vezes, há alguns instantes. Como é o caso do episódio da guerra conhecido como o Dia D.
Eu sempre soube da existência do Dia D; e eu sempre soube da existência do desembarque da Normandia, no dia 6 de junho de 1944. Agora, por que nunca consegui associar uma coisa a outra? Quem sabe.
No entanto, isso mudou no dia em que li o Ligeiramente fora de foco, do fotógrafo, jornalista e escritor Robert Capa (1913-1954, cujo nome verdadeiro é Endre Friedmann), famoso correspondente de guerra que cobriu, ao longo de sua vida, a Guerra Civil Espanhola (1936-39), a resistência chinesa à invasão japonesa (coberta por ele em 1938), a Europa durante a Segunda Guerra Mundial (1941-45), a primeira guerra árabe-israelense (1948) e a guerra da Indochina francesa (1954). Juntamente com Henri Cartier-Bresson, Chim, George Rodger e William Vandivert, fundou a Magnum, uma das agências fotográficas mais importantes do mundo.
No livro, Capa retrata o avanço dos Aliados em uma Europa sob o jugo da Alemanha nazista. Inicia com o chamado da Collier para fazer a cobertura da invasão das tropas norte-americanas no norte da Itália, passando pelo Desembarque da Normandia (episódio conhecido como o Dia D, vejam vocês…) e encerra com o fim da guerra, quando o fotógrafo estava em Londres, após ter acompanhando a rendição alemã, como correspondente da revista Life.
Agora, graças às aventuras picarescas de Capa, jamais esquecerei de alguns desses episódios mais memoráveis da Segunda Guerra. E talvez isso aconteça porque Capa, ao contrário da maioria das histórias de guerra, se empenha em criar uma narrativa, na medida do possível… humorística daquela que é considerada uma das maiores misérias humanas já presenciada. Em Ligeiramente fora de foco, a guerra não é somente sangue, pólvora, lama e doenças, mas bebidas, jogos de carta, boas amizades, festas e o que fosse possível glamorizar em meio ao ambiente hostil dos confrontos, e na cansativa função como correspondente de guerra (que até poucos dias antes do chamado da Collier estivera vivendo em Nova York como desempregado, foragido e completamente quebrado).
Dentre as boas amizades do período, é claro, merece destaque a figura de Ernest Hemingway, com quem Capa já havia trabalhado. No primeiro encontro dos dois em meio à guerra aconteceu um acidente, sem grandes consequências, em que o escritor machucou-se no rosto após o carro em que estava ter batido:
Não recordo agora quanto paguei pela edição, mas foi comprada em uma dessas promoções/descontos oferecidos pela editora. Próxima vez que vocês se depararem com a página de ofertas da Cosac Naify oferecendo boa parte do catálogo a R$ 20, considerem acrescentar o Ligeiramente fora de foco ao carrinho.
Boa leitura!
Edição:
CAPA, Robert. Ligeiramente Fora de Foco. Traduzido por José Rubens Siqueira. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
* Sim, é pra você comprar na próxima promoção/desconto da Cosac Naify.